A cultura da moda nordestina
As danças populares e o artesanato também são outros exemplos de patrimônios culturais
Publicado no Jornal OTEMPO, Caderno Pandora
Tarcísio D’Almeida
Não somente o universo da música
nordestina nos presenteou com cantores e compositores do calibre de
Alceu Valença, Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Chico Science, dentre
outros, mas também com a literatura de Manuel Bandeira, João Cabral de
Melo Neto, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e Ariano Suassuna, dentre
tantos, orgulha-nos com suas sensibilidades interpretadas em canções e
impressas nas páginas dos romances, crônicas e poemas. As danças
populares e o artesanato também são outros exemplos de patrimônios
culturais.
A área cultural da moda da região
Nordeste do Brasil tem poucos nomes celebrados no cenário nacional e
internacional. Mas esse quadro está mudando graças à realização da
principal semana de moda da região, a Dragão Fashion Brasil (DFB), em
Fortaleza (CE), a qual direciona e objetiva seus spots para a
potencialização dos criadores regionais e que, na edição 2011, propõe o
tema Artesanias: Identidades da Moda. O DFB, que tem esse nome por ter
sido idealizado para acontecer no Centro Cultural Dragão do Mar, tem
trilhado uma trajetória de descobertas e investimentos no traço autoral e
conceitual dos criadores de moda da região, responsável por boa parte
da autêntica produção com assinatura cultural do país e autoral no
desenvolvimento das coleções.
Por mais que conheçamos alguns nomes como
os estilistas pernambucanos Eduardo Ferreira, Walério Araújo, Melk Zda e
Gustavo Silvestre; os baianos Gloria Coelho, Márcia Ganem e Marcelu
Ferraz; o cearense Weider Silveiro; os quais desfilam (ou desfilaram) em
semanas como SPFW, Casa de Criadores e Fashion Rio, a boa notícia é
podermos assistir à evolução e à maneira diversificada de se criar moda
com verve criativa e autêntica de criadores que sabem como traduzir
traços culturais de suas terras e povos nos processos criativos da moda,
tornando-a única (por não ter medo de assumir seus traços e
identidades), mas também global e acessível (tanto no sentido estético
como mercadológico por conceber moda com DNA do nosso país que adquire
êxito também no mercado externo).
Pensando dessa maneira, vimos emergir nas
passarelas nomes lançados e já celebrados pelo DFB, como o cearense
Mark Greiner, além dos novos talentos, como o baiano Tarcisio Almeida e o
cearense Lindebergue Fernandes. Outro palco para jovens criadores
nordestinos é o Rio Moda Hype (RJ), que tem em seu line-up o piauiense
Martins Paulo, além dos baianos Vitorino Campos e Alexandre Guimarães.
Mas não podemos nos esquecer de um grande precursor, o baiano Ney
Galvão, que, nos anos 1970, interpretou a vitalidade do povo brasileiro
em suas visões de moda. Que tal criarmos a Semana de Moda do Nordeste do
Brasil?
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